Ataques virtuais aumentam com a pandemia

No Rio Grande do Sul são mais de um milhão de golpes ou tentativas de golpes virtuais desde o início do ano

A chegada do novo coronavírus ao Brasil e o longo período de distanciamento social aumentou não só o número de pessoas em teletrabalho, mas também o de golpes virtuais. Mais de 18 milhões de ataques cibernéticos foram disparados no país, só envolvendo o tema Coronavírus. Os números são da PSafe, que trabalha com aplicativos de segurança. De acordo com a Kaspersky, especializada em cibersegurança, o Brasil é o segundo país com mais ataques diários, ficando atrás apenas da Rússia.

Um dos trunfos dos criminosos é se utilizar do auxílio emergencial, distribuído pelo governo federal. São mais de 13 milhões de tentativas de golpe envolvendo este benefício. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Fenabran) as tentativas de golpe virtual aumentaram em 70% desde o início da pandemia no Brasil. A Caixa Econômica Federal afirmou que monitora e atua para “bloquear e desativar serviços falsos” e de que aciona a Polícia Federal (PF) quando isso acontece. O Ministério da Cidadania também afirmou que, a qualquer indício destes crimes, aciona a PF.

No Rio Grande do Sul são mais de um milhão de golpes ou tentativas de golpes virtuais, desde o início do ano. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), os crimes de estelionato aumentaram 25%, durante a pandemia, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Financiamento e prejuízo de R$ 744

Até mesmo a renegociação de dívidas passou a ser alvo de ataques pela internet. Desempregado durante a pandemia, um morador de Tramandaí, teve prejuízo de R$ 744. Para solucionar as pendências de um financiamento de carro, a tentativa de ligar para o banco virou armadilha. A filha dele recebeu uma mensagem no celular quando fazia a ligação. Ao clicar, foi redirecionada para uma página parecida com a do Banco Santander, que “mandou” tal mensagem.

“Fui clicando o passo a passo. Até aparecer um Whatsapp. Eu cliquei e veio às opções. Se eu quisesse prorrogar ou adiantar a parcela, eu adiantaria a parcela com desconto. Eu adiantei a parcela. E não apareceu o pagamento até hoje. Aí eles me bloquearam”, conta a filha da vítima.

O Santander informou que mantém uma agenda de orientações para evitar fraudes via aplicativos de mensagens e que a autenticidade de sites de instituições financeiras deve ser verificada pelos usuários.Em nota, a Federação Brasileira de Bancos disse que as tentativas de golpes virtuais subiram 45% desde o início da pandemia.

Há casos também de páginas falsas de leilões. O Sindicato dos Leiloeiros do Rio Grande do Sul identificou mais de 300 destes sites aplicando fraudes nas regiões Sul e Sudeste. O golpe também é bastante comum em vendas online. A diretora executiva do Procon, Fernanda Borges, relata os cuidados que são necessários na hora de fazer esse tipo de operação.”Nos classificados virtuais, o consumidor deve redobrar todo o tipo de cautela. Ele deve desconfiar de imagens muito atrativas, que pareçam, realmente, imagens profissionais, e buscar sempre antes de fechar qualquer negócio, manter um contato mais direto, ter mais informações com esse vendedor. E, se possível, apenas efetuar o pagamento presencialmente, ou depois de ter vistoriado as condições do produto que ele pretende adquirir”, afirma.

O especialista em tecnologia Ronaldo Prass recomenda que as pessoas desconfiem de tudo o que recebem pelo celular. “Evitar baixar links por mensagens de Whatsapp ou aplicativos semelhantes. Links recebidos por mensagens ali eles têm grandes chances de te direcionar a algum tipo de fraude. Quando acessar páginas, verificar o endereço que está sendo acessado, e antes de informar algum dado pessoal, qualquer dado, verificar, fazer uma pesquisa paralela, para ver se aquele endereço realmente corresponde à instituição. E o principal, jamais informar dados relacionados a documento ou mesmo tokens, códigos de verificação por mensagem de SMS. Porque isso também abre possibilidade pra outras fraudes”, alerta o especialista.

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