Atividade industrial cresce 0,2% no Estado

O Índice de Desempenho Industrial gaúcho (IDI-RS), divulgado na terça-feira (3) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), registrou um ligeiro crescimento de 0,2% na passagem de fevereiro para março. Desde dezembro de 2021, o índice que mede a atividade industrial passa por um período de oscilação em um nível relativamente elevado, 8,8% acima do anterior ao da pandemia, em fevereiro de 2020. “A expansão da atividade industrial no encerramento primeiro trimestre reflete a herança deixada pela recuperação que dominou a maior parte da segunda metade de 2021. O bom momento das exportações industriais e a produção ainda aquecida para atender pedidos em carteira explicam esse crescimento. Entretanto, na margem já podemos ver uma desaceleração”, diz o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry.

A maioria dos componentes do IDI-RS mostrou altas em março, especialmente o faturamento real, que subiu 6,2%, as compras industriais, mais 2,7%, e as horas trabalhadas na produção, 1,4%.  Destaque também para o emprego, elevação de 0,8%, e a utilização da capacidade instalada-UCI, que subiu 0,2 ponto percentual, alcançando 81,9%.  O mês registrou novo recorde do emprego, com 22 meses seguidos de alta, dez a mais do que a maior sequência positiva anterior. Apenas a massa salarial real recuou (1,2%), em março.

Apesar de março de 2022 contar com dois dias a menos do que o mesmo mês de 2021, o IDI-RS cresceu 5% na comparação do período. Foi a 19ª taxa positiva consecutiva. Com isso, a atividade industrial gaúcha encerrou o primeiro trimestre com expansão de 4,2% na comparação com igual período de 2021. Nessa base, somente a UCI mostrou redução, de 1,2 ponto percentual (grau médio de 82,1% para 80,9%). Os demais componentes cresceram: horas trabalhadas na produção (7,9%), compras industriais (6,8%), emprego (5,8%), massa salarial real (4,4%) e faturamento real (2,5%).

A comparação anual mostra, entretanto, que a alta da atividade industrial não foi homogênea, e alcançou apenas nove dos 16 setores pesquisados no primeiro trimestre. Pela contribuição dada ao resultado global, Máquinas e equipamentos, com 12%, Veículos automotores, 13,4%, e Couros e calçados, 5,8%, foram os principais destaques positivos. Por outro lado, Alimentos (-2,8%), Produtos de metal (-4,3%) e Móveis (-8,9%) exerceram as maiores pressões negativas.

PERSPECTIVAS – Segundo o presidente da Fiergs, a irregularidade e a estagnação observadas desde o fim do ano passado refletem os desarranjos persistentes na cadeia de suprimentos, que continuam gerando escassez e alta nos preços de insumos e matérias-primas, assim como a última onda da pandemia, a estiagem e a guerra na Ucrânia.

A pesquisa constatou que o cenário para os próximos meses continua sem grandes alterações e bastante restritivo à produção, apesar da diminuição da pandemia e da estiagem. A indústria gaúcha registra acúmulo de estoques e deve manter o comportamento atual, sem grande perspectiva de retomar a trajetória de recuperação interrompida no final do ano passado.

Foto: Felipe Neitzke