CEEE e Sulgás rebatem dados do governo do Rio Grande do Sul Servidores articulam frentes parlamentar

Servidores articulam frentes parlamentares em defesa de estatais | Foto: Alina Souza

A pretensão do governo do Estado de privatizar o setor de energia gerou reações imediatas, principalmente dentro da CEEE e da Sulgás. No final da tarde dessa terça-feira, funcionários da Sulgás haviam recolhido 25 assinaturas de deputados para a formação de uma frente em defesa da companhia. O documento começa com os nomes dos pedetistas Juliana Brizola, Ciro Simoni e Enio Bacci, e segue com signatários de PT, PCdoB, Rede, PSol, PTB, PSB e PPL. A bancada inteira do PDT assinou. Há poucos dias, o deputado Simoni reativou na Assembleia outra frente, em defesa da CEEE.

Nessa terça-feira, entidades que representam os servidores das duas companhias começaram a divulgar documentos que contradizem os argumentos utilizados pelo governo do Estado para justificar as privatizações. Internamente, a publicidade dos materiais tem apoio de integrantes de altos escalões. Em ambas as companhias, os funcionários ouviram dos presidentes que os mesmos não foram informados previamente do teor do pacote. Técnicos se queixam que o Executivo ignorou todos os números disponibilizados pelas empresas para formatar sua avaliação.

A maior contradição diz respeito ao argumento de que o Estado não tem condições de continuar investindo nas companhias. “O Estado nunca colocou um centavo na Sulgás. Ao contrário, neste ano a empresa fez uma antecipação de dividendos ao Estado. Ela foi criada com um empréstimo e foi reinvestindo o dinheiro. Hoje temos gás e dinheiro sobrando”, destaca o presidente da Associação dos Empregados da Sulgás (Assulgás), Neimar Blanck.

Blanck lembra que a privatização vai barrar as receitas extras previstas para o Executivo a partir da conclusão dos projetos em curso na Metade Sul utilizando o gás natural liquefeito (GNL). Com a finalização do projeto, o produto passa a entrar no país por Rio Grande e não mais pelo Mato Grosso do Sul. Com isso, o recolhimento de ICMS se dará no Estado. As projeções da companhia apontam para um incremento na receita de ICMS na ordem de R$ 200 milhões ano. “Para um player privado pouco importa por onde o gás vai chegar.”

Na holding CEEE, o discurso de diferentes técnicos é de que a companhia não recebe recursos do Estado e que o Executivo está omitindo os altos custos com os quais deverá arcar em caso de privatização. Entre eles os R$ 100 milhões/ano hoje destinados aos ex-autárquicos, e a absorção da dívida de R$ 1,3 bilhão com a Fundação CEEE. “No caso de privatização, a dívida precisa ser saldada. A Fundação tem inclusive o direito de entrar nas contas da CEEE para retirar o dinheiro”, adianta o presidente da União dos Profissionais das Companhias e das Empresas de Energia Elétrica (UniproCEEE), Rodrigo Henrique Costa Schley.