Covidosório

A pandemia gerou uma verdadeira festa de dinheiro público enquanto a grande mídia aterrorizava a população e incentivava o #fiqueemcasa. A decretação do Orçamento de Guerra permitiu ao governo federal liberar bilhões de reais a estados e municípios para serem aplicados no combate à pandemia, permitindo a compra sem os trâmites licitatórios previstos na Lei 8.666/93. Não que isto fizesse com que alguns quesitos não fossem observados dentro da moralidade, impessoalidade e legalidade. Além disso tem o princípio da razoabilidade e da economicidade.

Diante deste afrouxamento legal, mas devidamente regrado, muitos prefeitos e governadores, “assessorados” por deputados e senadores e por amigos das administrações deixassem de realizar falcatruas das mais variadas. Tratando-se de recurso público federal, a liberalidade consentida se tornou uma festa de falcatruas e de enriquecimento ilícito, jogando para cima o #fiqueemcasa o aplicando o #vaiparaomeubolso e o “salvando vidas” é mero mote de encobrir os desvios e os desmandos no erário público.

A Polícia Federal, Procuradorias, Promotorias e a Receita Federal aliados também aos Tribunais de Contas começaram a passar a lupa sobre alguns governos que visivelmente estavam “matando” para ter dinheiro do Covid19. Não é por estranheza que os maiores números de casos estão em São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e no Amazonas. Os recursos serviram até para abrir milhares de covas sob o selo de Covid 19.

O que parecia estar longe de nossos olhos na verdade estava em nossas barbas e o missivista e atual candidato a prefeito Hélio Bogado bradou “acorda Osórioooo” dentro do que se desenha como a partir de fogo amigo. Todas as irregularidades partiram da “fiscalização” feita por Bogado e muitas das documentações e fatos foram repassados pelo atual candidato da coligação Eduardo Renda confirmados nos debates radiofônicos. Diante das denúncias do missivista foram abertos inquéritos administrativos, mas as denúncias já haviam chegado aos órgãos estaduais e federais. O apurado pela administração corroborou para confirmar as denúncias e o que se viu foi mais uma ação policial na prefeitura e também em várias empresas na cidade e região, já resultando no afastamento de funcionários e CCs.

Considerando os fatos que levaram à ação do Ministério Público se sabe que a Covid 19 foi o fim da linha e o que se espera da Promotoria é que inicie o desenrolar do novelo a partir desta ponta da linha. É sabido de muitos que o funcionário afastado, há muito realiza ações não muito legais a frente da contabilidade da Secretaria da Saúde. Ao longo dos últimos 16 anos o funcionário foi mantido na função mesmo tendo sido afastado por um curto período de tempo até que mudou de partido para retornar ao cargo.

O primeiro levantamento feito aponta para desvios que podem até ultrapassar os R$ 2,5 milhões de reais somente no período da pandemia. O principal acusado tem sido o ex-secretário Emerson Magni que também é o vereador mais votado na eleição passada e que agora poderá ser cassado a pouco mais de dois meses para o término do mandato. Uma delação premiada do funcionário ou do próprio secretário certamente seria um escândalo ainda maior, o que não está fora de cogitação.

Depois desta grande ação policial resta aguardar para ver se a Covid poderá ter contaminado muito mais do que os mais de dois mil osorienses, não com o vírus mas com a mazela do desvio de recursos da Saúde.