Guri fica conhecido na Expointer por amizade inusitada com zebu

É sobre a corcova de um zebu com mais de 800kg que Arthur Marques Pereira, oito anos, de Minas Gerais, encontra tranquilidade e também fama repentina durante os dias em que permanece com a família num dos pavilhões da Expointer, em Esteio. Basta o guri — morador de Uberaba, filho e neto de gaúchos criadores da raça zebuína tabapuã em Manoel Viana, no Noroeste do Rio Grande do Sul — recostar-se no amigo Visconde para as primeiras câmeras de visitantes apontarem para ele.

Ele acaricia o lombo do zebu, sobe na garupa e passa parte do dia deitado sobre o animal de dois anos. Visconde não parece se importar. Por vezes, dá umas olhadelas no guri, como se o tivesse cuidando. De tanto apego, o menino desperta a atenção dos visitantes mais curiosos ficou “famoso na feira”, como Arthur se identifica, brincando. 20910921

— Ele (Visconde) gosta de receber carinho. E eu gosto de dar carinho, porque sou amigo dele — justifica Arthur.

Neste ano, o quinto consecutivo que o menino desembarcou no Estado com os pais especialmente para participar da feira, não foi diferente. Os dias na Expointer são como parque de diversões. A função começa antes de os portões abrirem aos visitantes e só termina porque ele não pode permanecer o tempo inteiro no pavilhão dos zebuínos.
Pesadão, manso e sem chifres
O tabapuã é uma raça legitimamente brasileira. Nasceu do cruzamento entre o gado mocho nacional e animais de origem indiana, especialmente a raça nelore. O tabapuã é o zebuíno que se adapta melhor ao frio.

Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Tabapuã, a raça é campeã de peso já aos 205 dias, ultrapassando os 300kg. Em média, os bois chegam à fase de abate aos 30 meses, com mais de 800kg. Sem chifres, a raça é mansa e por isso não se estressa ou perde peso durante vacinações, pesagens e transporte. O tabapuã também não se envolve em brigas e lida melhor com alimentação no cocho.
— Desde bebê, o Arthur é apaixonado pelos zebus e não demonstra medo deles. O primeiro a se aproximar dele foi o Thomas, pai do Visconde. Mas, em 2015, Thomas foi vendido pelo avô de Arthur. Ele ficou muito triste até conhecer Visconde. Foi amor à primeira vista — conta o pai, o médico veterinário Patrick Ferreira, 37 anos.

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A mãe, a psicóloga Flávia Marques Pereira, 34 anos, acredita que a amizade entre o filho e Visconde é a mais sincera. Tanto que ela não conseguiu negar a vinda do filho, mesmo com o reinício das aulas deste semestre. A escola foi avisada da participação de Arthur na feira. A família retornou ontem a Minas Gerais para que o filho não perdesse mais dias de aula.

— Ele adoeceria se não viesse. Nem na final do Freio de Ouro ele quis ir. Ficou com os zebus, enquanto participávamos do evento. Nem consegui levá-lo para comprar uma bombacha. Acho que ele gosta muito porque na cidade, onde mora, não tem contato direto com os animais — explica a mãe.