Mesmo com autorização, Xangri-Lá decide permanecer com restrições da bandeira vermelha

Desde o último sábado (20), após a divulgação do novo Boletim do Distanciamento Controlado no Estado, a região de Capão da Canoa, que abrange os 23 municípios do Litoral Norte, está em bandeira vermelha. Isso significa que o risco para proliferação do novo coronavírus na região é alto, o que implicaria em medidas mais restritivas no âmbito econômico. Buscando uma flexibilização, os prefeitos, por meio da Associação dos Municípios do Litoral Norte (Amlinorte), procuraram o governo do Estado, pedindo que as cidades permanecessem na bandeira laranja (risco médio). Porém, após análise, o pedido foi negado pelo governador Eduardo Leite.

Entretanto, Leite anunciou uma novidade: todos os municípios que estiverem em bandeira vermelha, mas não apresentarem registro de hospitalização e óbito por Covid-19 nos últimos 14 dias, vão poder adotar, por meio de regulamento próprio, protocolos previstos na bandeira laranja, como foi o caso de 12 cidades do Litoral Norte: Arroio do Sal, Balneário Pinhal, Capivari do Sul, Dom Pedro de Alcântara, Itati, Mampituba, Morrinhos do Sul, Mostardas, Palmares do Sul, Tavares, Três Forquilhas e Xangri-lá.

Dessas, apenas a última decidiu por adotar as medidas mais rígidas previstas na bandeira vermelha. A decisão, que fecha o comércio não essencial e causa uma série de limitações a outras atividades, foi tomada em função de uma particularidade: a proximidade com Capão da Canoa, município mais populoso das praias.

Segundo o secretário de Saúde de Xangri-lá, Luis Antônio Ferreira, “se Capão da Canoa fecha o comércio, o pessoal vai vir para Xangri-lá. Somos divididos por uma mesma avenida. Então vamos receber o município do lado. Precisamos fazer o correto, que é fechar aqui também”, salientou Ferreira. Vale ressaltar que apenas o comércio essencial segue aberto na cidade e respeitando todas as normas estipuladas pelo governo do Estado na bandeira vermelha.

O primeiro óbito em Xangri-lá foi confirmado pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) na noite dessa quarta-feira (24). Conforme o secretário, também havia uma internação de um morador do município que não estava contabilizada pelo governo gaúcho ao autorizar o relaxamento de bandeira da cidade. Apenas o comércio essencial segue aberto na cidade, respeitando todas as normas estipuladas pelo governo do Estado, e as medidas seguem valendo enquanto toda a região permanecer em bandeira vermelha.

PREFEITOS RECLAMAM DE POUCO APOIO

O presidente da Amlinorte, Pierre Emerim, reclama do que considera pouco investimento do Estado na ampliação de oferta de leitos de UTI para Covid-19 no Litoral Norte. Ele critica o cálculo usado pelo governo, que, segundo ele, considera a população da região como 397 mil habitantes.

“Entendemos que o litoral está sendo desprestigiado. Todos os indicativos nos provam de maneira prudente, desde consumo de energia, aterro sanitário, vacinação, que nós temos, no mínimo, 600 mil pessoas. Qualquer um pode andar no litoral, entrar num prédio, que vai ver: as pessoas estão aqui”, protesta o presidente da Associação.

Pierre, que também é prefeito de Imbé, comenta que os leitos de retaguarda da região seriam na Grande Porto Alegre. Só que a outra região também vê crescer as hospitalizações, então não haveria oferta. “As pessoas estão cumprindo a quarentena no litoral. O movimento é parecido com dezembro. Em comparação com as demais regiões, o litoral é disparado a região que recebeu menos investimento no Estado em função do coronavírus”, declarou Emerim.

Ainda segundo o presidente da Amlinorte, os prefeitos pretendem entrar com representação no Ministério Público (MP) contra a decisão do Estado de autorizar os municípios que não tiveram internações ou óbitos dentro de 14 dias a seguir em bandeira laranja mesmo sendo parte de uma região com a bandeira vermelha.