Osório está entre as cidades do Litoral Norte com mais casos de hepatites B e C, Aids e sífilis

O Rio Grande do Sul apresentou em 2018 um aumento no número de casos de hepatites virais. Ao todo, 7,6 mil pessoas foram diagnosticadas com hepatite A, B ou C no ano passado, elevação de 14,4% em relação a 2017.

Entre os tipos, o com maior registro no Estado é o C, que teve mais de 5,8 mil novos casos ano passado. Contudo, o que teve o maior aumento foi o tipo A, com alta de 2,5 vezes em relação ao ano anterior .

Os dados de 2018 foram fechados neste início de mês, que recebe o nome de Julho Amarelo, em conscientização sobre a doença e tem em 28 de julho o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais.

Para o combate à doença, a Secretaria da Saúde destaca as principais medidas de prevenção, como o uso de preservativos em relações sexuais e outros hábitos de higiene, assim como o incentivo ao teste rápido nas Unidades Básicas de Saúde.

As hepatites virais são doenças infecciosas que afetam o fígado. Não costumam apresentar sintomas.

Quando aparecem, os mais comuns são cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

A análise do perfil epidemiológico das hepatites virais, em conjunto com o HIV/Aids, permitiu identificar as áreas de maior risco no Rio Grande do Sul.

São considerados prioritários 62 municípios, levando em conta os índices de hepatites B e C, Aids e sífilis:

Alegrete, Alvorada, Bagé, Bento Gonçalves, Cachoeira do Sul, Cachoeirinha, Camaquã, Campo Bom, Canela, Canoas, Capão da Canoa, Carazinho, Caxias do Sul, Charqueadas, Cruz Alta, Erechim, Esteio, Estrela, Eldorado do Sul, Estância Velha, Farroupilha, Frederico Westphalen, Gravataí, Guaíba, Ijuí, Itaqui, Lagoa Vermelha, Lajeado, Marau, Montenegro, Novo Hamburgo, Osório, Palmeira das Missões, Parobé, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, São Jerônimo, São Luis Gonzaga, São Sebastião do Caí, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Santa Rosa, Santana do Livramento, Santiago, Santo Ângelo, São Borja, São Gabriel, São Leopoldo, Sapiranga, Sapucaia do Sul, Soledade, Taquara, TorresTramandaí, Tapes, Uruguaiana, Vacaria, Venâncio Aires e Viamão.

SAIBA MAIS

Hepatite A

– Casos diagnosticados em 2018 no RS: 157 (153% a mais que em 2017)

A hepatite A geralmente não apresenta sintomas e está historicamente relacionada à precariedade de saneamento, com transmissão pela água e por alimentos contaminados. Contudo, atualmente verifica-se um novo cenário, com um aumento expressivo no número de casos entre homens jovens e adultos. Esse fenômeno já havia sido observado no Sudeste e em outros países, onde estudos apontam a população dos homens que fazem sexo com homens a mais vulnerável.

Transmissão:

– Ingestão de água ou alimentos contaminados pelo vírus

– Contágio oral-fecal

– Contágio oral-fecal durante prática sexual

Prevenção:

– Ingerir água tratada ou fervida

– Lavar bem alimentos crus (frutas, verduras e legumes)

– Cozinhar bem peixes, mariscos e crustáceos

– Higienizar bem as mãos após usar o banheiro

Vacinação:

– Desde 2014, a vacina contra a hepatite A está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo oferecida no calendário básico infantil para crianças de 15 meses a 5 anos incompletos (4 anos, 11 meses e 29 dias).

– Os Centros de Imunobiológicos Especiais (Crie) também oferecem as doses para pessoas de qualquer idade que tenham: hepatopatias crônicas de qualquer etiologia incluindo os tipos B e C; coagulopatias; pessoas vivendo com HIV; portadores de quaisquer doenças imunossupressoras; doenças de depósito; fibrose cística; trissomias; candidatos a transplante de órgãos; doadores de órgãos, cadastrados em programas de transplantes ou pessoas com hemoglobinopatias.

Hepatite B

Casos diagnosticados em 2018 no RS: 1.668 (14% a mais que em 2017)

A principal via de transmissão do vírus da hepatite B é sexual, pelo contato com fluídos corporais ou sangue. Em média, 6% das pessoas infectadas desenvolvem a forma crônica, situação mais frequente quando a contaminação se dá na infância, em especial nos bebês. Se a mulher não foi vacinada antes de engravidar, a gestante precisa receber a vacina hepatite B o mais cedo possível. No total, são três doses, com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda, e de seis meses entre a primeira e a terceira. A vacina não contém vírus vivo, portanto não causa doença.

Transmissão:

– Compartilhamento de materiais no uso de drogas injetáveis, inaladas e pipetas

– Relação sexual sem o uso de preservativos

– Uso de materiais perfurocortantes não esterilizados (alicates de unha, aparelho de barbear e depilar, instrumentos de tatuagem e piercings, materiais cirúrgicos ou odontológicos)

– No parto, caso a mãe seja portadora (transmissão vertical)

Prevenção:

– Uso de preservativos em todas as relações sexuais

– Esterilização adequada e não compartilhamento de materiais perfurocortantes

Vacinação:

– Em crianças, são dadas quatro doses: ao nascer, 2, 4 e 6 meses. Para os adultos que não se vacinaram na infância, são três doses, dependendo da situação vacinal. É importante que todos que ainda não se vacinaram tomem as três doses da vacina.

– Pessoas que tenham algum tipo de imunodepressão ou que tenham o vírus HIV, precisam de um esquema especial, orientado nos Centros de Imunobiológicos Especiais (Crie).

Hepatite C

Casos diagnosticados em 2018 no RS: 5.853 (13% a mais que em 2017)

O vírus da hepatite C é transmitido por meio de sangue infectado. As transmissões sexual e vertical (de mãe para o bebê) são menos frequentes. São considerados de risco: indivíduos que receberam transfusão de sangue e/ou hemoderivados antes de 1993; usuários de drogas injetáveis (cocaína, anabolizantes, complexos vitamínicos), inaláveis (cocaína) ou pipadas (crack); pessoas que compartilham ou utilizam instrumentos não esterilizados para aplicação de piercings, tatuagem, manicure e objetos para higiene pessoal (escovas de dente lâminas de barbear e depilar, entre outros). Os casos ocorrem com maior frequência em pessoas de 40 a 59 anos, responsável em 2018 por cerca de 50% dos casos confirmados no Estado.

Em 2016, foi firmado um compromisso internacional de eliminar a hepatite C como ameaça à saúde pública até 2030. Os objetivos são a redução de novas infecções em 90% e a redução da mortalidade em 65%.

Transmissão:

– Compartilhamento de materiais no uso de drogas injetáveis, inaladas e pipadas

– Relação sexual desprotegida

– Uso de materiais perfurocortantes não esterilizados (alicates de unha, aparelho de barbear e depilar, instrumentos de tatuagem e piercings, materiais cirúrgicos ou odontológicos)

– Quem recebeu transfusão de sangue anterior a 1993 corre o risco de ter sido contaminado

Prevenção:

– Uso de preservativos em todas as relações sexuais

– Esterilização adequada e não compartilhamento de materiais perfurocortantes

Vacinação:

– Não existe no momento vacina disponível contra a hepatite C

Testes rápidos

As Unidades Básicas de Saúde oferecem testes rápidos para a detecção de hepatites B e C. Elas são o primeiro passo para o diagnóstico precoce da doença e sua prevenção, pois possibilita interromper a cadeia de transmissão.

O diagnóstico permite um tratamento adequado e impacta diretamente a qualidade de vida do indivíduo, sendo um instrumento de prevenção de complicações mais frequentes, como cirrose avançada e câncer hepático.

O Rio Grande do Sul apresentou uma grande evolução no número de testes rápidos realizados pelos municípios. Em 2018 foram mais de 645 mil exames, aumento de 28% em relação ao ano anterior e mais de quatro vezes superior à quantidade realizada em 2014.

Série histórica da quantidade de testes rápidos no RS

Ano Hepatite BHepatite C
201474,9 mil73,2 mil
201581,2 mil127,8 mil
2016155,4 mil165,3 mil
2017253,4 mil251,2 mil
2018317,9 mil327,4 mil