Sérgio Moro deixa o Ministério da Justiça e Segurança Pública

Sergio Moro é o oitavo ministro a deixar o governo de Jair Bolsonaro em 16 meses.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, pediu demissão do cargo, deixando o governo do presidente Jair Bolsonaro após quase 16 meses à frente da pasta. Ao anunciar sua decisão, Moro lamentou ter que reunir jornalistas e servidores do órgão em meio à pandemia do novo coronavírus para anunciar sua saída, mas esta foi “inevitável e não por opção minha”.

Em seu pronunciamento, Moro afirmou que pesou para sua decisão o fato de o governo federal ter decidido exonerar o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Maurício Valeixo. O decreto de exoneração foi publicado nesta sexta-feira (24), no Diário Oficial da União e assinado eletronicamente pelo presidente Jair Bolsonaro e por Moro, informando que o próprio Valeixo pediu para deixar o comando da corporação.

O ministro, no entanto, afirmou que não assinou o decreto e que o agora ex-diretor-geral da PF não cogitava deixar o cargo. “Não é absolutamente verdadeiro que Valeixo desejasse sair”. Para o ministro, a substituição do diretor-geral, sem um motivo razoável, afeta a credibilidade não só da PF.

“O grande problema desta troca é que haveria uma violação da garantia que me foi dada quando aceitei o convite para ingressar no governo, a garantia de que eu teria carta branca. Haveria interferência na PF, o que gera um abalo na credibilidade. Minha e do governo. E também na PF, gerando uma desorganização que, a despeito de todos os problemas de corrupção dos governos anteriores, não houve no passado”, disse Moro.

Moro também destacou que disse ao presidente que não tinha problema nenhum em trocar o diretor-geral da PF, mas que isso deveria ser feito com base em um motivo relacionado ao desempenho do ocupante do cargo. “Eu sempre disse ao presidente que não tinha nenhum problema em trocar o diretor-geral, mas precisava de uma causa relacionada a uma insuficiência de desempenho, a um erro grave. No entanto, o que eu vi durante todo o período, é que o trabalho é bem feito”, avaliou o ministro.

Moro ressaltou que na quinta-feira (23) conversou com o presidente sobre a possibilidade de mudança no comando da PF e que falou sobre impactos negativos relacionados à decisão. “Falei que isto teria um impacto para todos, que seria negativo, mas para evitar uma crise (política) durante uma pandemia, sinalizei: ‘presidente: então vamos substituir o Valeixo por alguém que represente a continuidade dos trabalhos’”, contou o ministro, revelando que chegou a sugerir o nome do atual diretor-executivo da PF, Disney Rosseti, que é servidor de carreira da corporação.

O SUBSTITUTO

Jair Bolsonaro já tem o nome do substituto de Sergio Moro. O indicado é Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral. Oliveira é filho do falecido capitão do Exército, Jorge de Oliveira Francisco, que assessorou durante muitos anos Jair Bolsonaro, e amigo de infância dos filhos de Jair Bolsonaro. Ele foi alçado ao governo por Carlos Bolsonaro, que contou com o aval do irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro, de quem Oliveira é padrinho de casamento. Vale ressaltar que os dois filhos do presidente são alvo da Polícia Federal em inquérito aberto para investigar a milícia digital que propaga fake news nas redes sociais.

OITO TROCAS NOS MINISTÉRIOS

Com a saída de Sergio Moro do comando do Ministério da Justiça e Segurança Pública, chegou a oito o número de trocas de ministros no governo Bolsonaro, em menos de 16 meses de seu mandato, o que dá uma média de uma troca a cada dois meses. A troca mais recente ocorreu na semana passada quando Luiz Henrique Mandetta deixou o Ministério da Saúde para dar lugar a Nelson Teich, em meio à pandemia do Coronavírus.

Outros ministérios como Educação, Casa Civil, Cidadania, Desenvolvimento Regional e Secretaria Geral da Presidência da República também sofreram mudanças desde o início do mandato de Jair Bolsonaro. E isso não vai parar por aí. Nomes como Paulo Guedes (Economia), Marcelo Álvaro Antônio (Turismo), Ricardo de Aquino Salles (Meio Ambiente) e Abraham Weintraub (Educação) são apontados como os próximos a entrarem na lista de demissões do governo, isso se ninguém se demitir antes.

Foto: Adriano Machado