Setor hoteleiro sofre com pandemia

Metade dos hotéis tiveram queda de 50% de faturamento em relaçãoao ano passado

A pandemia causada pelo novo coronavírus tem afetando toda a economia do Estado, e em relação ao setor hoteleiro isso não é diferente. Entre os dias 1o e 17 de julho desse ano, a Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do RS (Fecomércio-RS) realizou um levantamento para saber a situação da categoria no Rio Grande do Sul. Ao todo, foram ouvidas 385 empresas do segmento de Meios de Hospedagem.

Segundo os dados, a sondagem apontou que 58,4% das empresas pesquisadas promoveram alterações da força de trabalho em função da pandemia. Entre as alterações, 50,2% demitiram funcionários, 31,6% promoveram redução da jornada e/ou de salários e 16% suspenderam contratos de trabalho. Nenhuma delas apontou ter tido aumento de faturamento no período e, entre os respondentes, 50,4% afirmaram ter tido perdas superiores a 50% na comparação com o mesmo período de 2019. A Sondagem mostrou também uma considerável dificuldade de aplicação de medidas para evitar quedas das suas vendas: apenas 35,3% fez algum tipo de ação nesse sentido.

Realizada uma vez por ano, a pesquisa busca avaliar não apenas a questão conjuntural, mas especialmente a forma como os negócios operam e seu nível de organização econômico-financeira. Esta edição, porém, ganhou um bloco específico de questões ligadas aos efeitos da pandemia sobre os negócios. “O setor tem sido fortemente afetado em decorrência da redução da mobilidade das pessoas em todo o território nacional, tanto para turismo quanto para negócios. A pesquisa apenas confirma uma realidade bastante preocupante, inclusive com os 7,3% que disseram estar com seus negócios fechados”, afirmou o presidente da Federação, Luiz Carlos Bohn.

Quanto ao financiamento do negócio, 43,9% disseram que estavam utilizando de capital próprio para pagar contas da empresa e 10,9% afirmaram ter tomado empréstimos. Ainda, 6,2% referiu ter tentado pedir empréstimos, mas não conseguiu acesso aos recursos. “Os meios de hospedagens foram os primeiros a serem afetados e, provavelmente, serão os últimos a se recuperarem. É fundamental um olhar atento do poder público para esse segmento neste momento”, conclui o presidente da Fecomércio-RS.

O perfil das empresas

A Sondagem dos Meios de Hospedagem deste ano mostra que 61,6% das empresas do setor têm mais de 10 anos de atividade no mercado seguidas por 13,2% entre 5 e 10 anos de atuação e 11,7% com um ou três anos de existência. Para 64,9% das entrevistadas, o maior empecilho ao crescimento das vendas do negócio é a crise que o país vivencia seguida pela baixa demanda (31,9%) e pela carga tributária (16,1%). Legislação (13,2%), alto custo de manutenção (11,7%), concorrência (7,5%), falta de crédito/capital de giro (3,4%), falta de estratégia e planejamento(1,8%) e a dimensão física do negócio (0,3%) foram as outras causas apontadas como impedimento para o crescimento das vendas.

A pesquisa também apontou que 67,8% das empresas realizam mensalmente uma análise de suas finanças, sendo que 16.4% a fazem semanalmente e 15,8% tem um controle muito superficial ou simplesmente não analisa as finanças. Com base na análise sobre as finanças do negócio, 71,9% afirmaram elaborar e colocar em prática estratégias para o alcance dos objetivos propostos e 20,8% não elaboram estratégias a partir da análise financeira.

Outro dado refere-se ao número de quartos dos hotéis e pousadas do RS, sendo que 27,0% têm de 26 a 50 habitações; 25,7% de 11 a 25 quartos; 23,9% 10 ou menos; 15,3% de 51 a 100 e 8,1% mais de 100 habitações.

Foto: Fredy Vieira